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Lia Bock

O conceito de malandragem foi atualizado -e chegou ao mundo dos pets

Lia Bock

03/10/2019 04h00

(iStock)

E, quando falo malandragem, não estou falando de crimes ou de grandes atos desonestos, muito menos de desobediência civil. É malandragem mesmo, pequenas coisas que as pessoas fazem se achando muito espertonas e que, no final, só servem para elas mesmas e não raro, prejudicam os demais.

E, como vivemos tempos em que pets são considerados filhos, claro que a malandragem tem a ver com cachorro. 

Graças a uma mudança maravilhosa na sociedade, hoje em dia pega muito mal você sair com seu cão e não recolher o cocô –pra quem é jovem demais fica o resgate: teve um tempo em que as pessoas saíam com os totós na coleira, cagavam todas as calçadas, desviavam da bosta alheia (ou levavam o brinde no sapato) e seguiam seu caminho como bons cidadãos. Pois bem, esse é um dos casos em que podemos afirmar com segurança que o mundo mudou pra melhor.

Mas daí, o que fizeram os malandros? Começaram a educar seus cachorrinhos a passearem sozinhos. Fofo, né? Só que não. O ato de confiança e independência dado aos cães domésticos é, na verdade, a mais deslavada preguiça de recolher o cocô!

Começou lentamente, com uma ou outra pessoa de um bairro coalhado de praças. Logo, um bando de gente velha e para quem se abaixar já não é tão simples aderiu. Daí a virar moda e ter um bando de cachorros passeando sozinhos foi questão de tempo –e treino, claro. Ninguém quer que o cãozinho se perca.

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E, vejam, não estamos falando de pessoas desonestas. Tem muito esclarecidão que, ops, acha superlegal ver o dog tão independente pelo bairro. "Gracinha, conhece todos os vizinhos", "até late para estranhos". 

Não, meus queridos. Vocês e seus cachorrinhos estão prestando um desserviço para a coletividade. Toda merda que ele solta e você não recolhe é a frente de uma casa emporcalhada, é a frente de um restaurante fedendo, é o tênis de uma criança de dois anos cravejado de bosta, é a bengala da senhorinha, o pneu da bike que vai entrar em casa… É a nossa cidade e seus habitantes salpicados de cocô! Fora a questão da segurança, porque de "cachorro bonzinho" o inferno está cheio. 

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Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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