Mesa de Ana Maria Braga reafirma mulher submissa e desconsidera diversidade
Na semana em que estamos discutindo diversidade e exaltando celebridades que marcam sua posição de resistência em público, assistir a Ana Maria Braga dizer que fez uma mesa masculina para receber Antonio Fagundes desce quadrado.
Segundo ela mesma explicou para o ator (que logo indagou: "Existe isso?"), a mesa feminina seria mais delicada e em tons de rosa.
Ana Maria do céu, até tu?
Algumas pessoas podem recorrer ao que eu chamo de "método Silvio Santos" e dizer que "Ana Maria pode tudo", mas discordo. Num mundo de extremos e onde assistimos em tempo real à perseguição aos homossexuais e à disseminação da ideia de que a mulher deve ser submissa ao marido, fazer esse tipo de comentário em rede nacional nos ajuda a andar pra trás. Dá força a argumentos retrógrados que, na avalanche do retrocesso, fazem, sim, diferença.
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Aqui entre nós, duvido que Ana Maria, exemplo de mulher empoderada, pregue a submissão feminina dentro do casamento. Mas jogar a mulher nesse conceito antiquado de feminilidade (rosa e delicado) reforça todo argumento que faz base para a ideia da submissão e ainda desconsidera a existência de outras possibilidades de gênero. Como se no mundo só houvesse homens de azul e mulheres de rosa. Um mundo onde não cabe ser trans, não cabe ser homem feminino, não cabe ser diferente.
E, quando o diferente não cabe, é muito grave!
Para quem está pensando "nossa, ela só fez uma brincadeira", eu insisto: não há brincadeira em rede nacional. E aqui aproveito para evocar uma outra questão, também do território global: não há "decisão artística" para cortar o beijo gay. Há apenas decisão. Se ela é política, amedrontada, raivosa ou até artística é o que menos importa. Da mesma forma que não importa se Ana Maria falou sem pensar ou pensando.
Falar ou calar e mostrar ou cortar em programas com grande audiência (ou YouTubes com milhares de seguidores) exige responsabilidade social e muita consciência. Porque vivemos tempos em que tudo o que passa batido é omissão e, como bem explicou o colega Pedro Cafardo neste maravilhoso texto no Valor Econômico, ela, a nada singela omissão, pode nos levar ao pior de todos os cenários, como já o fez em 1930.
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