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Lia Bock

Danilo Gentili deveria ter responsabilidade digital ao falar com seguidores

Lia Bock

11/04/2019 12h53

(iStock)

Responsabilidade digital é um termo que se aplica em muitos momentos. É preciso, por exemplo, ensinar as crianças que jogam Fortnite a interagirem com pessoas do mundo todo — o que inclui gente com má fé. É preciso também saber respeitar a privacidade alheia e não cair na tentação de vasculhar o celular do cônjuge.

Mas hoje estou aqui para falar da responsabilidade digital daqueles que têm opinião forte e milhares de seguidores. Pessoas como Danilo Gentili. Gente com fama e "followers" que precisa ter consciência da responsabilidade social que carregam. Influenciar milhões de pessoas exige autocrítica e análise dos riscos.

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Sim, porque duvido muito que  Danilo em si ataque alguém na rua ou encontre o celular de uma pessoa e comece a ameaçá-la. Mas quando ele divulga um meme ou ataca alguém em suas redes precisa saber que gente muito mais doida e disposta a tudo levará seu discurso (já extremo) para um lugar ainda mais agudo.

Isso vale para todos que têm muitos k de seguidores. Muitos dos quais não fazem ideia do quão letais suas opiniões podem se tornar quando caem em mãos erradas. Uma pessoa com milhares de seguidores e sem senso de responsabilidade é como uma criança com uma arma de fogo na mão.

Ao ver Danilo, ou qualquer outra personalidade de quem gostam e em quem acreditam, desfiar agressões a alguém, algumas pessoas se sentem autorizadas e impulsionadas a irem mais fundo. Alguns acham até que é um chamado.

É por isso que eu gosto muito do posicionamento do Felipe Neto. E vejam, não estou avaliando o conteúdo de seus canais, mas falando do senso de responsabilidade que permeia seu discurso. Não foi sempre assim, mas com o tempo e a experiência na web, Felipe se tornou íntimo de seu público e sabe os cuidados que precisa tomar. É disso que estou falando.

Protesto é sempre bem-vindo. Exigir das autoridades posicionamento ou justiça é muito bacana, mas precisamos saber que isso nada tem a ver com achincalhar autoridades ou incitar o ódio contra elas. O mesmo vale para qualquer pessoa.

Não acho que celebridades precisem esconder seus posicionamentos políticos, não é isso. Mas acho de verdade que precisam pensar que ao colocá-lo nas redes estarão, sim, influenciando milhares de pessoas. Ponto para os que fazem isso em prol de ideias e ideologias (sejam de direita ou de esquerda), vergonha de quem usa seu potencial para esmigalhar pessoas.

E é importante que se diga: cada vez que Danilo retuita um meme ou uma agressão a alguém, essa pessoa passa imediatamente a ser perseguida por alguns (ou vários) de seus seguidores. Pessoas que, tenho certeza, Danilo não conhece e que fazem ameaças graves que, imagino, o apresentador não aprovaria.

Ter responsabilidade digital é como agir de forma responsável no trânsito. Evita que você se acidente e que coloque os outros em risco. Assim como não existe brincadeira a 200 km por hora, não existe piadinha agressiva com a cara (o telefone ou a reputação) de alguém para 200 k de seguidores.

Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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