Xingamentos são a porta de entrada para 'drogas' mais pesadas
A gente passa anos ensinando as crianças que não pode xingar. Põe de castigo, corta a sobremesa, explica com paciência. No trabalho, se um colega ou chefe te xinga configura assédio moral e pode dar demissão por justa causa. Aluno xingando professor ou professor xingando aluno geralmente leva a expulsão da escola.
Agora me respondam, vocês acham mesmo que no casamento deveria ser diferente?
Não vou ser nem um pouco tolerante aqui e acho que todos e todas deveriam fazer o mesmo. O xingamento é a porta de entrada para agressões mais pesadas que, em breve, darão as caras. Sim, elas virão! E é por isso que no primeiro "filha da puta" que alguém soltar é preciso parar tudo e começar uma análise minuciosa dessa relação. A ajuda de um terapeuta ou especialista pode ser bem vinda. Melhor um psicólogo quando começa do que a polícia quando acaba.
Não tem "mas ele estava nervoso" ou "ela é estourada mesmo". Não! Xingamento é agressão verbal, é desrespeito e é o começo de uma descida vertiginosa para um lugar muito pior. O que estou querendo dizer sem meias palavras é: tenham medo de gente que xinga!
E acompanhem comigo, uma coisa é uma pessoa que fala muito palavrão. Que fala "fodeu", "puta merda", "que bosta", "caralho". Outra, bem diferente, é uma pessoa que xinga o outro pontualmente. Não misturemos as coisas! Conheço muita gente que usa bastante palavrão na sua linguagem do dia a dia, mas nunca xingou ninguém.
Aqui estou falando especificamente de xingamentos direcionados, de agressão entre as partes de um casal. E tenham certeza, não tem nível saudável quando estamos falando de violência – mesmo que seja verbal.
Xingamento de marido ou mulher é coisa que só pode acontecer uma vez, deve ser resolvida com a pompa que merece. E, de duas uma: ou nunca mais acontece ou um abraço e tchau.
Precisamos treinar nossos ouvidos e mentes a se ofenderem de morte quando o cônjuge nos xinga. Precisamos interromper o ciclo de violência que se desenrola depois de um "sua filha da puta". Aliás, esse é o xingamento favorito de quem quer esmigalhar o parceiro ou parceira.
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Sempre fico pensando porque as pessoas seguem casadas com alguém que julgam "filha da puta", que – sem entrar no mérito da junção das palavras em si – significa ser sacana e desonesto. Não sabemos se as pessoas pensam isso mesmo ou se estavam usando o recurso apenas como forma de agressão. Mas sabemos, sim, que ambas as coisas são péssimas. Porque não existe "só estava querendo me agredir", como escutamos algumas vezes. O "só" não combina com essa frase porque agredir é uma coisa séria e precisa ser tratada como tal.
É preciso tolerância zero com os nervozinhos e agressores afins até pra que consigamos diferenciar uma coisa da outra. Se a pessoa é estourada e soltou o xingamento de cabeça quente dá pra reverter, dá pra cuidar, tratar, policiar. Mas pra isso é preciso que fiquemos indignados, e muito. É preciso que a pessoa entenda que aquilo é grave e que não vamos tolerar. Mas, se a coisa se repete, aí meus amores, não paguem pra ver até onde isso vai.
O casamento nem sempre é facinho ou leve e discutir, se desentender, faz parte. Mas isso não precisa envolver nenhum tipo de agressão. Não caia nessa de que "essas coisas fazem parte".
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