MC Melody: por que uma criança sexualizada na web tem a ver com todos nós
Essa semana acompanhamos o caso da MC Melody, cantora de 11 anos que aparece em suas redes (com milhares de seguidores) sensualizando como se fosse uma mulher de 25. Não há como não se surpreender com a maquiagem, as roupas, poses e biquinhos da menina, empresariada e produzida de perto pelo pai.
O que a história de Melody mostra é muito mais do que um pai sexualizando a filha para obter sucesso, seguidores e grana. Mostra uma sociedade doente vidrada na ideia das "novinhas".
E não pense que é culpa do funk, porque muito antes da batida e do rebolado ganharem o mundo, já hipervalorizávamos as colegiais em filmes pornôs e toda sorte de Lolitas em novelas e filmes.
É uma mistura de perversão e ingenuidade.
Perversão porque sexualiza crianças (ponto). E ingenuidade porque se pensa que personagens (em redes sociais ou novelas) são apenas expressões artísticas. E não são. Cultura se cria dessa forma e quanto mais miramos nossas lentes e microfones para as "novinhas" mais nos enraizamos neste lugar.
E não para por aí. Infelizmente chega bem mais perto de nós, que parecemos não ter nada com isso: cada vez que uma mãe leva a filha de 8 anos pra fazer a unha ou a de 12 para fazer depilação está de forma bem direta colaborando para que meninas sejam tratadas como mulheres e adentrem este limbo de "novinhas", tão nocivo para as crianças como para a sociedade como um todo.
Criança não usa maquiagem, não precisa se depilar e nem estar de unha feita (muito menos com a perfeição da manicure).
Muita gente gosta de dizer que "as crianças estão cada vez mais espertas" ou que "as meninas crescem cada vez mais cedo". Mas é importante lembrar que isso não é algo natural ou orgânico. Somos nós, sociedade deturpada, que fazemos isso.
Somos nós, sociedade deturpada, que assobiamos para colegiais e que entregamos celulares e tablets sem restrição onde os pequenos tem acesso a muito mais coisas do que a infância deveria permitir.
MC Melody é a vitrine mais suntuosa desse red district que nos tornamos.
Claro que é preciso analisar seu caso com cuidado e tomar as medidas necessárias, mas é preciso também olhar pra dentro de nossas casas, de nossos computadores e de nossos comportamentos.
É preciso parar de achar que meninas precisam se portar como mocinhas, por exemplo, e estimular que se comportem como crianças.
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