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Lia Bock

Afinal, o tamanho do pinto importa?

Lia Bock

08/01/2019 12h45

(iStock)

De tempos em tempos o assunto 'tamanho do pinto' entra na roda. Não que em algum momento ele seja esquecido – nas rodinhas femininas ele é sempre pauta – mas vez ou outra, ganha o mundo público.

Geralmente isso acontece quando uma mulher raivosa, e com motivos para se vingar, publica em suas redes indícios do tamanho (diminuto) do pênis do ex. Brincadeira, vingança ou tiração de sarro à parte, há muita coisa bacana publicada sobre o assunto. Como por exemplo o documentário Unhung Hero – Size matters, em que o comediante Patrick Moote discorre sobre o fato de ter um pau pequeno depois de ser dispensado pela ex por este motivo. Ou a reportagem da revista TRIP que passa o obstáculo das piadas para falar do assunto e questiona: o que é um pau pequeno?

Tem até filme da Netflix apoiado na temática. The overnight (Virando a noite) passa por outros pontos, mas o tamanho do pau está lá estampado desde a primeira cena em que sacamos que a moça não consegue gozar com a penetração do marido.

E assim, a pergunta do canal Porta dos Fundos no vídeo É pau, é pedra (de 2013) se faz sempre pertinente: "2 centímetros de pau ou ganhar na Mega-sena?". Sim, porque muito marmanjo trocaria grandes boladas por um pênis maior.

O interessante é perceber que a questão do tamanho em si muitas vezes não é o eixo do problema. Pensemos: em muitos casos o ponto crucial está na revelação do fato. Será que se vingar de alguém soltando aos quatro ventos que seu pau é pequeno é legal? Até porque pode ser mentira e como se desmente isso? Postando uma foto? Complicado. Me soa tão 'quinta-série' quanto o bulling dos corredores infanto-juvenis. Nessas horas falar de performance aquém da expectativa me soa (um pouco) mais adulto.

Outro ponto interessante é a inquietude de homens que nem sabem dizer se seus ditos cujos são pequenos. Claro que os donos de micro-pênis sabem, mas muitos dos que têm pintos do tamanho de um batom (ou menor) estão mais confortáveis no mundo do que aqueles que ficam no meio da tabela. Vide A competição de pênis pequeno de Howard Stern, em que rapazes disputam pra ver quem tem o menor pipi. É hilário.

Tem muito homem que perde tempo sofrendo pelo tamanho do membro e não percebe que se dedicasse esse tempo pesquisando e treinando sexo oral e com brinquedos, por exemplo, teria uma performance de fazer inveja.

Tem muito homem também que perde tempo com filmes pornôs absolutamente equivocados (violentos e com paus gigantescos, por exemplo) e vão se especializando em um sexo de baixíssima qualidade em que a mulher está lá apenas para satisfazer o homem.

Mas e aí, o tamanho importa?

Claro que importa, mas se a discussão parar por aí nunca chegaremos a um amadurecimento sexual capaz de nos levar além. Tem muito mais coisa envolvida numa transa, muitas delas reveladoras de um machismo latente que faz com que os rapazes não saibam estimular de forma efetiva as mulheres e nem fazê-las gozar.

Claro que é mais legal ter um pau de 18cm do que um de 10cm. Mas bacana mesmo é usar as ferramentas que temos para que todo mundo fique satisfeito no final. Estimular o clitóris requer treino, dedicação e bom senso para avaliar cada parceira. Puxar o gozo de uma mulher requer paciência, precisão e treino. Então, ao invés de perder tempo pensando no tamanho do seu pinto, que tal aprender sobre a vagina e as formas de dar prazer a uma mulher?

O tamanho do pau não é um mero detalhe, mas já que não podemos mudá-lo, que tal ajudá-lo?

 

 

Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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