Você sabe o que é a vulva?

Capa do quadrinho "A origem do mundo"
Vulva não é vagina. E clitóris não é apenas aquela glande que a gente vê no topo da vulva. Parece óbvio? Pois saiba que o tamanho do clitóris só foi descoberto em 1998 (!) e teve muito cientista falando besteira com relação a tal genitália feminina até bem pouco tempo.
O nome e os absurdos métodos de pesquisas do sujeito que cravou, por exemplo, que os lábios da vulva das mulheres civilizadas (leia-se brancas) eram menores porque elas tinham evoluído, e outras informações chocantes como essa estão no livro A Origem do Mundo – uma história da vagina ou a vulva vs. O patriarcado, da sueca Liv Stromquist, que acaba de ser lançado no Brasil pelo selo pela Companhia das Letras.
Um misto de pesquisa histórica com quadrinhos, o livro consegue ser engraçado e assustador ao mesmo tempo. É impossível não devorá-lo pensando: meu deus, não pode ser verdade que cientistas tenham feito ou dito isso!
Com sarcasmo e informações precisas, Liv conta como construímos ao longo dos séculos uma relação esquizofrênica com o órgão sexual feminino. E não pense que estamos em franca evolução: nas páginas com letras grandes e desenhos marcantes, vemos que a menstruação já foi sagrada e o sexo feminino, celebrado.
O livro é como um belo orgasmo, catártico, e pode servir de apostila pra quem tem muitas dúvidas sobre o assunto mas nunca teve coragem de perguntar. E acreditem, a história da vagina está muito mais ligada à história da submissão feminina do que pensa nossa vã filosofia. Aliás, Jean-Paul Sartre está ali devidamente imortalizado por suas declarações machistas e vagas sobre o "oco" e o "vazio" do órgão sexual das mulheres. Aspectos médicos, sociais e deliberadamente "vulvofóbicos" se misturam nesta bíblia da genitália feminina. Porque não foi só o nosso prazer e o nosso sexo que foram relegados ao ostracismo durante anos; foi toda nossa anatomia e genética.
Obrigada, Liv. Porque além de nos dar uma aula, você ainda nos prova que podemos aprender de um jeito muito mais interessante do que lendo artigos científicos ou apostilas homogeneizadas. A artista mostra que quadrinhos podem salvar nossas almas de uma educação monótona, monocórdia e antiquada.
Um salve para a vulva. Um salve para os quadrinhos.
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