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Lia Bock

Foto do perfil: uma imagem de utilidade pública

Lia Bock

17/05/2018 04h00

(iStock)

Eu sei que as pessoas prezam pela privacidade, e que muitas têm medo de ver uma foto sua não autorizada circulando por aí. Mas gente, fotinho do rosto no perfil do Facebook não mata ninguém, mata?

Você tá lá, falando sobre fulano com a amiga, um paquera simpático. Chega um momento em que precisamos (não é queremos, é precisamos rs) ver a cara do sujeito. Daí você entra nas redes e: foto do céu, do gato siamês, da bike, um flyer com a posição política explicita, um prato que parece bem apetitoso… mas a cara do sujeito que é bom, nada.

Fico me perguntando se é displicência com a própria imagem, problemas com ela ou uma neura nervosa de ter o rostinho analisado pela geral. Essa gente com certeza nunca fez parte do Happen ou do Tinder, lugares onde vale a regra: "sem foto, sem match", né?

Eu sei que as pessoas estão no seu direito e que não são obrigadas a deixarem que se ligue o nome à imagem. Por um lado, acho até interessante. Por outro, acho extremamente frustrante.

Ninguém está pedindo nudes ou trocentas fotos na frente do espelho. Pode até ser uma fotinho antiga, mas algo onde possamos botar "olho no olho". Não? É pedir muito? A vida é curta demais pra gente ter que stalkear as profundezas na Internet atrás de um mísero rostinho de alguém.

Que tal facilitar a vida dos paqueras, futuros amigos ou investigadores inveterados afins?

Talvez eu esteja errada. E só porque sou obrigada a colocar minha cara bem grande no topo do blog, acho que todo mundo deveria ter a face exposta em algum mural por aí. Mas saibam, estou longe de ser a louca do autorretrato (no meu tempo era assim que chamava), a que fica mostrando cada novo corte de cabelo ou blusinha adquirida no brechó. Mas a verdade é que curto saber quem é quem nesse mundão, usando as ferramentas que a tecnologia nos empurrou guela abaixo. Penso que se estaremos presentes, que seja de cara limpa, dando um ola explícito.

 

 

Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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