"Se não é minha, não vai ser de ninguém." Um pensamento que guia assassinos
Ex-namorados, ex-maridos, ex-casos se sentem donos das mulheres e, assim, "no direito" de tirar a vida delas. A última vítima foi Laís Andrade, no inacreditável caso de Teófilo Otoni, Minas Gerais. Ela foi assassinada pelo ex no banco de trás de uma viatura policial, depois de fazer uma denúncia contra ele.
E quem dera fossem todos psicopatas. Quem dera fossem todos sofredores de algum distúrbio grave. Não. O único mal de que sofrem é machismo. São seres que cresceram pensando a mulher como um ser humano de segunda classe que podem controlar. Pegar. Largar. Trair. Matar.
E esse tipo de raciocínio está presente em mais cabeças do que pode parecer. Não são só os assassinos que pensam dessa maneira. Estão nessa vala também os homens que decretam "Não quis separar? Agora aguenta!", os que fazem alienação parental e os que se recusam a assumir o cuidados e os gastos dos filhos.
Machismo é uma doença. E mata. O Brasil ocupa a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres. O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mulher.
Enquanto sociedade estamos errando ao não encarar isso. Como assim os policiais colocaram o ex e a mulher que o denunciou lado a lado no carro? Como assim deixaram ele entrar para "pegar um documento" sozinho e depois retornar para a viatura? Nós somos essa sociedade negligente que finge não perceber. Somos essa sociedade que chama violência de ciúmes e nem quando envolve a polícia está a salvo.
É por isso que quando me perguntam: "Lia, você tem medo do quê?", respondo: Eu tenho medo de homem.
Hoje estou de luto por todas nós, vítimas dessa sociedade míope que tarda e falha.
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