Caso da youtuber Karol Eller: quando uma mulher apanha, todas ficamos roxas
É muito triste o que aconteceu com a youtuber Karol Eller no Rio de Janeiro. Porque quando uma mulher apanha nossa vulnerabilidade vem a tona. Quando uma mulher lésbica apanha, todas as nossas conquistas são sufocadas.
É como se quisessem nos mandar de volta para o armário, de volta para aquele lugar em que a esposa fica quietinha cuidando da casa e obedecendo o marido.
Quando uma mulher apanha, todas nós ficamos roxas. Não importa da onde ela veio, em quem votou ou qual seu ideal de futuro. É balde de água fria e retrocesso pra geral.
Violências como a cometida contra Karol servem para intimidar, para diminuir toda uma população que vem, a duras penas, brigando por espaço e respeito. Os golpes que desfiguraram a jovem atingem todas as mulheres que, hoje, já saem em público com suas companheiras. Criam uma aura de medo e fazem com que as mãos dadas e os abraços carinhosos de pessoas que se amam se encolham.
E quem ganha quando as mulheres se encolhem?
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O seriado The Handmaid's Tale vem na minha cabeça. A liberdade é uma das maravilhas de uma democracia segura e justa. E liberdade não significa a minha ou a sua, mas a de todos nós. A liberdade de não amar ninguém, de se expressar, a liberdade de ter uma religião, de vestir saia curta, de casar virgem, de casar com uma pessoa do mesmo sexo, a liberdade de não se casar nunca ou de defender a ideologia política que nos apetece.
Por isso, quando alguém soca a liberdade do outro, seja ela sexual, religiosa ou política, esmigalha a liberdade de todos nós e o mundo fica um pouco mais cinza, cheio de gente encolhida pelo medo de ser a próxima vitima.
E é claro que no âmbito da investigação importa se ela provocou ou se portava arma ilegalmente. Mas estou falando aqui com aqueles que comemoraram ou disseram "bem feito" levando em consideração os posicionamentos da moça.
Dizer isso não diminui o efeito opressor que esse tipo de violência representa. Não foi a Karol ou o que ela pensa que foram atacados no Rio de Janeiro. Fomos todas nós.
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