Me peguei nostálgica, com saudade do tempo do SMS raiz, o SMS maroto
Lia Bock
27/05/2019 04h48
(iStock)
Descontos em apps de entrega que nunca baixei, promoções de toda sorte de aplicativos de táxi, alertas do Sem Parar e do plano de saúde e mensagens da Vivo, Sky, Itaú, Santander, Grin, GOL, Netshoes, Magazine Luiza, Dominós, Renot e Honda dentre outros. A caixa de MMS e SMS virou essa grande bolsão de spam.
De vez em nunca apita para avisar que alguém ligou e não foi atendido. Mas como o telefone toca cada vez menos, sobram as promoções. Muitas delas dizendo que estão "com saudade de mim" – esse é o novo hit do marketing.
Hoje me peguei nostálgica, aí sim, com saudade do tempo do SMS raiz, SMS maroto.
Porque lembremos, quando os aparelhos de celular se popularizaram nos formatos de tijolões as mensagens de texto representaram uma revolução. Antes, para receber uma mensagem desse tipo era preciso usar os extintos bipes e pagers que envolviam ditar o recado para as telefonistas. Ou seja, quando começamos a ser os próprios transmissores de nossos textos não havia censura prévia e nem constrangimento de mandar um recado de amor e safadeza. Foi tipo atingir a maturidade e sair da casa dos pais.
Não é exagero dizer que o SMS foi o pontapé inicial das redes sociais. Ele abriu as portas para um tipo de comunicação que nos trouxe para onde estamos hoje, esse universo de grupos silenciados no WhatsApp e paquera via apps. Sim, porque em tempos remotos (ou quase isso) era tudo via torpedo – que aliás, ganhou este apelido por ser muito rápido. Lembrando que seus predecessores eram telegramas, cartas e pagers afins. Fofo.
Pois hoje essa ferramenta é (tipo) o tio do pavê, aquele que acha que está abafando mas não dá uma bola dentro. Virou um grande bolsão de mensagens indesejadas. Ah, sim, porque promoções são muito legais, mas quando todas as marcas e serviços invadem o seu celular pra te dar um desconto, fica mais o efeito da invasão do que do desconto.
#Rip SMS de amor.
Sobre a autora
Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock
Sobre o blog
Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.