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Deixem os nossos vibradores viajar em paz!

Lia Bock

07/02/2019 05h00

(iStock)

Vira e mexe aparece alguma notícia que traz ele de volta. Sim, o vibrador, este objeto maravilhoso que pode ter formas variadas e tamanhos diminutos, merece respeito, destaque e sucesso em sua jornada.

Pois esta semana lemos neste portal em que estamos que trazer um vibrador na mala de viagem pode ser considerado 'atentado à moral e aos bons costumes'  e pode acarretar uma multa de R$1000. Que desperdício! Com este valor dá pra comprar um monte de brinquedinhos sexuais.

Mesmo que essa multa não seja dada com frequência, a possibilidade dela ser aplicada já é um acinte.

E aqui vale a pergunta: moral e bons costumes de quem? A resposta é simples: da autoridade da Receita Federal que está diante de você. Sim, porque não existe uma lista de produtos que entram nesta categoria; então, qualquer coisa pode ser enquadrada neste tópico amplo e bizarro. A depender do humor, da ressaca e da religião do funcionário. E como vemos no texto, o vibrador já foi tachado de imoral.

Santa ignorância. Um objeto para masturbação individual. Um objeto que está dentro das leis brasileiras e é comercializado livremente por aqui… Considerar o vibrador um atentado aos bons costumes não é apenas burrice é mau-caratismo mesmo. É perseguição às mulheres e, isso sim, é um atentado ao bom senso.

Mulheres se masturbam. Acostumem-se. E este objeto maravilhoso foi criado para ajudar, facilitar ou melhorar a qualidade da masturbação.

Então saia da frente com a sua moral, porque eu quero passar com o meu prazer. E enquanto o vibrador for permitido no Brasil (do jeito que vamos, nunca se sabe) deve ser respeitado como o eletrônico de uso pessoal que é.

Vocês não usam escova de dente elétrica? Não voam seus mini-drones por aí? Não atazanam as pessoas com suas caixinhas de som portáteis? Pois nós usamos nosso vibrador.

E foi-se o tempo em que ele era algo para manter escondido na gaveta ou para ser usado sozinha. Vibrador é vida, vibrador é amor. Pode ser um ótimo parceiro pro casal e atalho para aquele momento divino chamado orgasmo.

Então senhores aduaneiros, não atentem contra a inteligência feminina. Não venham apelar pra lei genérica e nebulosa quando o que vocês querem mesmo é xuxar em nós a lógica tóxica do patriarcado segundo a qual ficaríamos sempre em casa, dóceis, enquanto vocês viajam e compram presentes para as amantes.

#freedildo

 

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Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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