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Dia da Mulher é dia de marca (ou publicitário) passar vergonha?

Lia Bock

08/03/2018 18h50

Dia 8 de março é o Dia da Mulher. Dia de luta, dia de flores (zzz) bombom (zzz) e, claro, dia de marca passar vergonha com campanha idiota. Por que, meu Deus?

Mas será que não tinha UM redator com bom senso para dizer "isso aqui não tá bom não!". Será que não tinha uma santa de uma mulher com poder suficiente pra cravar: "só por cima do meu cadáver!". E o cliente? Na hora de liberar a verba pra apoiar um projeto bacana tem mil poréns, mas pra aprovar anúncio gigante no jornal que joga a reputação da empresa lá pra baixo ninguém poupa cifrões?

Isso acontece ano após ano. Dia da Mulher após Dia da Mulher.

E é óbvio que estas campanhas foram feitas por rapazes. Publicitários fanfarrões que ganham bem pra caralho, riem das suas próprias piadas e se acham gênios. Serão todos protótipos de Washington Olivetto?

Eu queria mesmo era ver nome e sobrenome de cada um que participou da criação e da aprovação dessas campanhas estapafúrdias e também o salário de cada um deles. Não me surpreenderia de as poucas mulheres presentes (se houver alguma) ganharem salários bem menores do que o dos machos do outro lado da mesa.

Porque muitas vezes há mulheres nestas equipes, mas elas têm posições inferiores e suas opiniões valem menos – assim como seus carros e suas contas do jantar. Elas dizem: "Cara, vamos pensar melhor isso aqui". Mas eles estão inebriados com sua "genialidade" regada a muito Jackass e Beaves & Butt Head.

Meus amores, anotem nos seus Moleskines com capa do Star Wars: a genialidade anda de mãos dadas com a diversidade! Porque diversão e risada andam de mãos dadas com respeito.

O bom senso manda lembrança também pras empresas que tiveram a maravilhosa ideia de botar só mulher pra trabalhar neste dia. E os homens, cadê? Estão de folga? Ah, vá! Aposto que ninguém perguntou para as minas o que ELAS queriam de Dia da Mulher. Porque eu duvido que qualquer uma em sã consciência tenha dito: "trabalhar só entre mulheres". Aposto meu rim que elas diriam coisas como: ter folga ou ganhar uma massagem (ou, melhor ainda: 'o mesmo salário que o cara que faz exatamente a mesma coisa que eu e ganha mais').

E, pelo amor de Deus, não me venham propagandear que a grande maioria da equipe da sua empresa é feminina se você está contabilizando o chão de fábrica. Que somos trabalhadeiras todo mundo já sabe. Eu quero é ver quantas manas têm na diretoria da empresa e nos cargos de decisão.

Pois bem, então além de dia de luta e dia de marca passar vergonha, está instituído: dia 8 de março é dia de xoxar campanhas toscas nas redes sociais. Meu teclado, minha arma. Avante! '-)

 

 

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Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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