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Por que propor coisas novas no sexo ou experimentar a dois é tão difícil?

Lia Bock

31/10/2017 08h00

(Foto: Getty Images)

Quando a gente está há uns bons anos transando com a mesma pessoa, o desejo dá uma arrefecida e as trepadas que costumavam ser semanais ou até diárias, dão aquela rareada. Até aí, normal. Supercompreensível a gente cansar das coisas que ficam comuns e que fazemos repetidamente.

Fazer um mesmo esporte pode cansar, sair com os mesmos amigos pode cansar, estudar o mesmo assunto pode cansar. Pra tudo isso a gente dá um jeito. Mas o que acontece com o sexo que a gente não consegue fazer o mesmo? Dar uma mexida, uma sacudida, uma mudada? E eu não tô falando de mudar de parceiro, separar ou arrumar um amante. Minha pergunta é: por que é tão difícil falar sobre o assunto, propor coisas novas e experimentar a dois?

O sexo ainda é esse grande tabu que mora no meio da sala. Algo que todo mundo faz, todo mundo tem uma opinião sobre, mas a maioria não quer expor, não quer dividir e muito menos propor. E isso tem um custo. Nossas travas muito bem cultivadas por uma educação sexual falha e um pensamento moralista (de que sexo é só pra reproduzir) nos impossibilitam de abrir algumas portas com passagem direta para a felicidade.

E vejam, não tô dizendo que chamar mais alguém para dividir a cama ou participar de uma suruba sejam a resposta. De jeito nenhum. É muito mais simples do que isso. Falar do que a gente gosta, expor porque estamos meio sem vontade ou simplesmente conseguir dizer: "meu desejo sumiu", já seria um grande passo.

A gente não discute política? A gente não discute arte? A gente não discute educação? Por que raios a gente não discute sexo?

E discutir sexo significa colocar na mesa problemas, dúvidas e vontades. Por exemplo: já escutei de mais de uma mulher que o marido só gosta de transar quando ele está a fim. Se ela quer, ele se esquiva, não fica à vontade, não consegue. Esse é um bom tema para um jantar a dois.

Outro exemplo: muitas mulheres não têm prazer com o sexo oral do parceiro, mas ao invés de tentarem achar esse prazer junto com eles, elas fazem o quê? Mentem.

Deixemos o Mário Alberto na esquete do Porta dos Fundos e bora colocar o sexo na mesa de um jeito mais natural e saudável?

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Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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