“Tecnologia a serviço da vida, bom dia!”
Lia Bock
30/09/2017 07h00
Num mundo em que o que a gente mais faz é (de longe) ficar conectado e dedilhar o celular, acolhimento nas redes é fundamental. Claro que ao vivo é mais legal, mas, a verdade, é que nem sempre dá. A vida tá corrida, o trânsito intenso, tem que buscar as crianças, levar o cachorro pra passear e terminar aquele bico extra para completar a renda.
Só que a tristeza não quer nem saber dos afazeres. A angústia não tá nem aí pra dificuldade de encontrar um ombro amigo.
Neste caso, você tem duas opções: cutucar a sua dor assistindo a alegria, os gatos e a comida dos outros no Instagram ou mandar uma mensagem dolorida pra alguém e pedir um colo digital. Tá, eu sei que parece sem graça, mas palavras e áudios podem salvar vidas. Não é à toa que o CVV existe até hoje. E aliás: eles têm a opção de chat!
Pode ser o namorado, uma amiga, a mãe em outra cidade. O afago por Whatsapp pode acalentar corações e nos resgatar do afogamento nas cobertas. Muita gente não tem coragem, acha que mensagem não é pra isso e não quer incomodar. Ledo engano. Não é porque no grupo de amigos do colégio só chega merda e o chefe manda mensagem em horário não protocolar, que esse sistema de comunicação não pode servir para algo de útil. Tipo: te tirar da lama.
Tenta. Troca aquele "ei" pro crush que nunca responde (sim porque quando a gente tá mal adora achar motivo pra ficar pior), por um: "amiga, tô arrasada", e veja no que dá. Se o telefone não tocar em cinco minutos é porque ela tá na natação ou no cinema. Se você der sorte, e tiver amigos criativos, em pouquíssimo tempo chega uma música, um elogio ou aquele: "quem foi que eu vou dar uma sova". Amo essa cumplicidade cega capaz de nos arrancar um leve sorriso.
E o bom é que mensagem a gente pode ler várias vezes. Deixar rolar umas lágrimas e ler mais umas duas. Se for áudio, então, melhor ainda! Porque dá pra chorar e ouvir ao mesmo tempo. Autoajuda personalizada e de luxo!
Se tem uma coisa que a tecnologia fez pela gente (além de reduzir o número de livros que lemos e fazer de todos nós produtores de conteúdo sobre nós mesmos) foi não nos deixar sozinhos nunca! Há sempre uma galera a um BIP de nós. Há sempre uma palavra doce e gentil pra nos resgatar embaixo das cobertas.
Sobre a autora
Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock
Sobre o blog
Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.