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Lia Bock

Regra para as férias escolares: deixem seus filhos riscarem as paredes!

Lia Bock

09/07/2017 04h00

(Foto: Arquivo pessoal)

Quais motivos levam as pessoas a não deixarem que as crianças desenhem, risquem e escrevam nas paredes? Suja? Fica feio? Dá mais trabalho para pintar quando tivermos que mudar de casa? Os pais limpinhos que me desculpem, mas nenhum desses argumentos me convence.

Falar que tinta, lápis, ou canetinha, sobre qualquer superfície "suja" é colocar de forma sutil na cabeça da criança que grafite, pintura e muitos outros tipos de arte são erradinhos, sujinhos. Você pode dizer que riscar de qualquer jeito polui (há controvérsias, mas ok), que planejamento é importante (organização é tudo nessa vida) e até mesmo, delimitar uma área específica para a expressão artística (viva a regra!). Mas, pelo amor, não diz que é "imundice" ou "porqueira" porque Pollock e Basquiat reviram na tumba.

E por que as crianças tem tanta fascinação por usar a parede como papel? Ah, esses danadinhos… Mas vem cá: você já experimentou pintar ou escrever nas paredes? Faz um teste. É delicioso, é mágico, é permanente! E tem coisa mais excitante do que fazer algo permanente?

"Ah, mas fica feio…", alguém vai dizer. Bom, eu acho muito quadro que as pessoas escolhem pra decorar suas casas horripilantes. Um beijo para o prefeito de São Paulo que curte Romero Britto. A beleza é diferente para os olhos de cada um. E o desenho de uma criança, mesmo que pequena, no formato de borrões e rabiscos, pode ser lindo e emocionante. Basta ter olhos para tal. Na verdade, quando o ato é bonito, o desenho fica lindo (meio hippie isso, mas juro que acredito).

"Ah, mas depois tem que pintar…". Amor, tem que pintar de qualquer jeito! A gente pinta quando entra na casa, pinta quando sai da casa, pinta quando reforma, pinta quando muda um móvel de lugar… Não jogue a culpa da sua má vontade com a arte infantil nas "de mãos" na parede, por favor!

Vai, coragem! Pega um lápis e começa escrevendo pequenininho numa parede externa: a vida é curta demais para não rabiscar as paredes. Você vai ver a liberdade que isso dá.

Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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