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Lia Bock

Não confie em solteiros que nunca usaram apps de pegação

Lia Bock

08/06/2017 04h00

Ilustração: Orlando/UOL

A afirmação pode ser meio contundente e com certeza inclui desavisadamente alguns bacaninhas desconectados e pessoas saudavelmente avessas ao excesso do uso do celular. Mas a verdade é que, no geral, todo mundo que é solteiro e nunca se aventurou nos apps de pegação tem alguma coisa de estranho.

Tem os que não se aventuram porque se acham superior à nós, pobres mortais, ou aqueles que têm uma visão antiquada de sexo e relacionamento. Bom, desconfio de ambos. Quando uma pessoa diz que não baixou o aplicativo pois "nunca precisou", torço o nariz. Como se nós, seres humanos reunidos no aplicativo, fôssemos uma espécie de subclasse da paquera urbana.

Não, meu amor. Nós somos os mesmos que estão no tal "mundo lá fora", só que devidamente organizados e sem frescura. Enfim, preguiça de quem acha que a tecnologia é só pra quem precisa dela.

Com os que acham que os apps de paquera estragam algumas coisas tenho até certa simpatia. Mas no fundo, eles me remetem a um tipo de relação antiquada, que me remente ao amor romântico, que me remete a manter as aparências e toda aquela versão machista das relações. E isso, além de dar preguiça, me dá um déjà vu desgraçado…

Tem também aquele tipo que não baixa por medo: medo de não dar match, medo do chefe ou do ex ver, medo de só ter gente feia e chata. Daí eu penso: realmente… baixa não, querido. Procure um terapeuta antes que vai ser mais produtivo. E me fala, dá pra confiar numa pessoa que é movida pelo medo?

Mas claro, não tô dizendo que todo solteiro deve amar o Tinder e viver para sair com pessoas que escolheu pelo celular. Mas baixar o programa, ver qualé, testar ou fazer um uso recreacional de vez em quando é saudável para se manter atual, com o frescor e a auto-estima em dia. Usar os aplicativos é humano e exige uma certa transparência que, ao meu ver, é bem positiva.

E da mesma forma que você não deixa de ir a restaurantes porque o iFood traz qualquer coisa em casa, você não deixa de conhecer pessoas na rua porque tem um perfil nas redes de paquera.

Vai, coragem: você já usa o Waze e até o cartão de Zona Azul é pelo celular. Seja um solteiro confiável. Baixe o Happn!

Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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