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Lia Bock

Miss bumbum vai acabar e a gente está como?

Lia Bock

15/11/2017 12h15

(iStock)

Dizem que em 2018 veremos o ultimo concurso Miss Bumbum (foi o organizador que falou). Eu só acredito vendo, mas recebo a notícia com alegria. Não que eu seja moralista e ache uma pouca vergonha as mulheres com a bunda de fora. Ao contrário, acho mais é que todo mundo deveria poder exibir seus corpos nus nas redes sociais e fazer topless na praia.

O que me incomoda não é a parte do bumbum ou do corpo desnudo, mas sim a do concurso em si. Esse negócio de colocar as mulheres para competir por algo puramente estético é… é…. antigo demais, sendo a bunda o objeto exclusivo da competição não ajuda em nada, convenhamos.

E olha que eu adoro bunda. Mesmo. Consigo até ver algo de subversivo nas minas esfregando suas busanfas bem dotadas na câmera que cai direto na casa da família brasileira. Mas logo lembro que se trata de uma competição e perde a magia.

Gosto de Instagrams e Tumblrs sensuais, gosto do nu pela liberdade, mas não consigo engolir esse nu a serviço da disputa. Essa mítica de que mulheres são competitivas (que tanto serve à sociedade machista) deve ter nascido nos corredores de um desses Miss–tudo-que-é-coisa que inventaram.

Nós, mulheres, no geral somos muito melhores quando não estamos tentando ser mais lindas (gostosas ou bundudas) do que as outras. E, claro, somos muito mais do que os corpos que habitamos. E quem não tem a bunda linda? Concursos, prêmios e garantia de fama às participantes acaba por reforçar um padrão excludente, cruel (e questionável).

As pessoas têm suas bundas e devem fazer o que bem entender com elas. Mas a existência de um mercado de concursos que estimula a competição não soa nada disruptivo ou ousado, é a mais pura objetificação e exploração.

Nesta linha de raciocínio, os concursos de Miss Universo e Miss Brasil também sofreriam do mesmo mal, certo? Sim. Exatamente o mesmo. O dia que estes aí acabarem, aí sim, faço um brinde glorioso.

Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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