O que fazer quando o mundo vira seu parceiro na criação dos filhos?
Primeiro vêm as festinhas em que pais não são exatamente convidados. Você se despede na porta meio aflito e na hora de buscar fica tentando arrancar o que aconteceu naquela tarde de independência. Depois vêm aqueles combinados para o passar o dia (e logo a noite e o final de semana completo) na casa de algum amigo.
Esse ocupar do mundo é bonito, um tico dolorido e principalmente, sem volta. Quando você menos esperar, eles estarão saindo de casa na hora em que você vai dormir ou voltando apenas para lavar a roupa e filar um rango. Mas deixemos essa parte para outro post, não tenho maturidade para uma discussão dessas ainda.
O que eu quero falar aqui é das crianças no mundo. Do dia em que a gente percebe que tem um mar de coisas entrando na vida dos nossos filhos que não foi a gente que mostrou. E o mundo, rapaz, ele é grande. Quanto mais as crianças desgarram, mais o que vêm com eles é uma surpresa pra nós.
E nem sempre o que volta é bonito, certo, alinhado politicamente conosco ou dentro dos preceitos religiosos da família. Nem sempre o que volta é o rock'n'roll de raiz que a gente insere a conta gotas neles desde bebê. Nem sempre o que volta é educado como aquele segurar de talheres perfeito que o vovô ensinou. Às vezes, o mundo manda palavrão pra dentro de casa, o mundo manda perguntas que envolvem sexo ou um youtuber insuportável cuja a voz irrita tanto ou mais que a do Faustão.
O mundo manda piolho, vídeos nojentos e vontades bizarras. E quando num ato egoísta e mesquinho você já está querendo deletar o mundo (rs), ele manda uma música do Vinícius de Moraes. Ufa. Manda uma palavra nova bonita, o vídeo de um passarinho nascendo ou uma manobra nova no skate. O mundo manda tolerância com o diferente e ensinamentos que você jamais pensou poderem sair da boca de uma criança em idade escolar.
Porque o mundo é assim, diverso e imenso.
E quanto mais profunda são as incursões de nossos filhos no mundo (esse mesmo: injusto, cruel, amoroso e plural), maior a chance de entrar pela porta de casa coisas boas e ruins. Dá um frio na barriga e (sejamos honestos) algumas crises de choro. Mas calma. É só o mundo mostrando a que veio: ser seu parceiro na criação desses pequenos.
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