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Lia Bock

A revolução paterna está a caminho e virá dos pais separados

Lia Bock

13/08/2017 04h00

(Foto: Getty Images)

Os maridões da porra que me desculpem, mas a revolução masculina virá dos pais separados. Aqueles que depois de se verem sozinhos e sem a mulher para orquestrar a rotina, colocam a mão, a cabeça e a alma na massa. Tem muito pai por aí que só começou a limpar a bunda das crianças depois do divórcio. Tem pai que por ter dado banho na filha pouquíssimas vezes, não sabe como lavar a xoxota. Quer dizer, isso até a separação, porque daí a pepeca começa a assar no final de semana dele e essa passa a ser uma tarefa básica.

Sem querer magoar os românticos: tem muito pai por aí que se descobriu um paizão depois que o casal se desfez.

Claro que existem muitos homens que não precisam da vida solo para curtir cuidar de seus filhos. Longe de mim pregar o fim da família brasileira. Mas que tem muito homem brincando de ser pai sem se dar conta que isso não é nem um terço do que poderia ser, isso tem. E, pra mim, são sim os pais separados, aguerridos da vontade de criar e cuidar, que vão mudar o rumo da paternidade. É pra eles que eu tiro o meu chapéu hoje.

Você, pai solteiro que agita a viagem de final de semana e, além de colocar gasolina e encher o pneu, faz a mochila e não esquece a parte de cima do biquíni (com a qual a filha pequena insiste em ir à praia). Você, pai solteiro que leva os seus e mais uns outros para o passeio de domingo e não esquece o protetor solar e água. Você, pai solteiro que pede pizza de jantar, mas faz salada de fruta de sobremesa para aplacar o peso na consciência. Você, pai solteiro que faz questão de ir ao pediatra e manda bilhetinho pra professora. É pra você que eu me curvo hoje.

Estamos juntos nessa, parceiro. E acredite, é você que vai puxar a manada. É você que vai inflacionar o mercado. É você que vai mudar aquele velho conceito de provedor que não precisa saber o que se passa com os filhos. É você, pai separado e atuante, que vai revolucionar o mundo dos machos. Que vai mostrar para as crianças que não há diferença entre colinho do papai e o da mamãe. É você que vai exibir o domínio do armário dos filhos e esfregar protagonismo paterno na cara da sociedade.

Pode parecer exagero, mas a verdade é que muitos pais (mesmo os bacanas) só começam a fazer certas coisas na casa quando não há mais a matriarca por perto. Não importa se o cara não dava banho ou colocava pra dormir por influência de uma cultura social antiquada, se era folgado mesmo ou se a mulher é que nunca deixou o mano fazer as coisas do jeito dele. O que importa é que, sozinho, cuidando de seus filhos e da sua casa esses homens ficam maiores, mais fortes, autossuficientes e mais próximos da prole. E gente, que presente acompanhar os filhos de perto, saber os detalhes e as pequenezas da vida deles.

E é por isso que hoje, neste Dia dos Pais, celebro aqueles que na fase seguinte do "foram felizes para sempre" pegam as crianças pra si e descobrem como é legal ser um paizão da porra.

Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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