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Lia Bock

Ser politicamente correto é legal! Quem deixa o mundo chato é gente chata

Lia Bock

20/07/2017 04h00

(Ilustração: Getty Images)

Me peguei pensando neste tipo de frase: "Toda mulher quer ser amada". "Toda mulher quer o aconchego de um compromisso". "Toda mulher detesta a nova namorada do ex". "Toda mulher gosta de lavar a louça logo que sai da mesa". E a minha preferida: "Só podia ser mulher", pra quando tem uma moça fazendo barbeiragem no trânsito.

Sei que fisiologicamente nossos corpos são diferentes. Mas sei também que algumas pessoas tem pau e são mulheres, outras tem boceta e são homens e sei ainda que algumas pessoas não se sentem nem homem nem mulher. Então, gente, que tal trocarmos a frase "toda mulher é" por "eu sou". Sim, porque eu, Lia, realmente gosto de lavar a louça toda assim que o jantar acaba, mas não posso falar pelxs outrxs.

Hoje já sabemos que, por mais que a gente queira que todas sejam meio Leila Diniz, não é assim que acontece. Então, esse negócio de que mulher gosta de drink fraquinho, só quer namorar e é melhor para acudir os filhos na hora do perrengue, datou.  Já faz uns anos que uma galera bate nessa tecla, mas vira e mexe, até nas rodinhas mais alternativas alguém manda um: "isso é típico de mulher" ou "homem é foda".

A generalização não é apenas burra, ela é preconceituosa também. Se a Joana é exibida, a Mariana é ciumenta, o Carlos é grosso e o Rogério dirige mal a única coisa que podemos dizer é que… a Joana é exibida, a Mariana é ciumenta, o Carlos é grosso e o Rogério dirige mal. Ponto. Deixemos os outros seres humanos com as especificidades deles! Isso vai nos ajudar demais na evolução que nos afastará de preconceitos e atrofiamentos cerebrais afins.

Pausa para falar com aqueles que gostam de dizer que "o politicamente correto deixa o mundo chato": Pessoal, o que deixa o mundo chato é gente chata! E aí, pode ser professor de filosofia, musa fitness, político honesto, homem mal amado, blogueira de portal e isso não tem nada a ver com ser ético e politicamente correto.

Lembro ainda que vivemos uma era em que o juntar das palavras "politicamente" e "correto" deveria ser considerado uma dádiva por si só. Tudo pra dizer: é legal ser politicamente correto! Aliás, é essencial. Então esquece esse negócio de usar "politicamente correto" como crítica e solta alguma coisa mais inteligente se quiser fazer um contraponto.

Sobre a autora

Comentarista na CNN Brasil, a jornalista Lia Bock começou a blogar em 2008 no site da revista "TPM", onde foi também editora-chefe. Passou por publicações como "Isto É", "Veja SP" e "TRIP". É autora dos livros "Manual do Mimimi: do casinho ao casamento (ou vice-versa)” e do "Meu primeiro livro", ambos editados pela Companhia das Letras. É mãe de quatro filhos e pode ser encontrada no Instagram @liabock e no Twitter @euliabock

Sobre o blog

Um espaço para pensatas e divagações sobre notícias, sexo, filhos, coração partido, afetações apaixonadas e o que mais parecer importante ao universo feminino.

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